quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Venha com a gente!

O Núcleo de Formação do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura convida a todos para celebrar o encerramento de suas atividades em 2010. Segue o convite. Não perca!


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Desvendando segredos cenográficos

Cenários, adereços, detalhes. Nada disso é supérfluo quando se trata de compor uma boa cena para filmes, comerciais, editoriais de moda e tantos outros produtos que fazem girar a roda da indústria cultural. O cenógrafo e aderecista José Adjafre vai desvendar alguns segredos da “arquitetura” cênica em oficina que se inicia no próximo dia 14, na Capitania de Arte e Cultura (rua Almirante Tamandaré – Praia de Iracema).

Com o título Cenário e Adereços para Iniciantes, a oficina tem caráter prático e envolverá construção de materiais e aula de campo com cenário montado pelo ministrante. Assim, os participantes poderão andar pela chamada “caixa cênica”, a construção que abriga todos os objetos de cena e uma estrutura de recursos técnicos para seu funcionamento.

As aulas vão até o dia 17, e acontecem de 18h30 às 21h30, sendo destinadas a interessados.

José Adjafre é cenógrafo com formação pelo Teatro Escola Macunaíma em São Paulo. Trabalha na área desde 1990 com a montagem de Peer Gynt pela Fundaçao Oswald de Andrade (SP). Em Fortaleza, iniciou em 1994 como aderecista e depois passou a elaborar cenários para espetáculos. Atua principalmente na publicidade, cinema, moda, dança e eventos.

Serviço
Cenário e Adereços para Iniciantes, com José Adjafre
De 14 a 17/12, na Capitania de Arte e Cultura - Rua Almirante Tamandaré, Praia de Iracema (antiga entrada lateral da Capitania dos Portos)
De 18h30 às 21h30

Inscrições
Para se inscrever, envie ficha de inscrição para nucleodeformacao@dragaodomar.org.br. Os selecionados recebem resposta por email. As inscrições podem ser realizadas até o primeiro dia do curso.

O traçado da vida na dança



SÍLVIA MOURA VAI SE UTILIZAR DE GESTOS SIMPLES E COTIDIANOS. FOTO: DIVULGAÇÃO

Bordar a vida com o próprio corpo. A metáfora sensível traduz o sentimento da coreógrafa, atriz e bailarina Sílvia Moura em relação à ideia que norteia a oficina Linhas e formas - Bordando com o corpo na vida, a ser realizada entre 13 e 17 de dezembro, na Sala de Dança do SESC SENAC Iracema (Rua Boris, 90C - Praia de Iracema). Mais do que uma metáfora, porém, o bordado será de fato uma das técnicas usadas por Sílvia durante a oficina, destinada a mulheres da comunidade do Poço da Draga, com idade a partir de 14 anos.

Através do bordado, da dança e de rodas de conversa, a ideia é propor uma experiência com o movimento. "Usando as linhas e sua relação com o traçado no espaço, quero propor unir bordado e dança", diz a dançarina.

A partir dessa concepção, a coreógrafa buscará estabelecer uma relação com o corpo, com o movimento, através de gestos de simples realização e identificação cotidiana, para chegar num estado de observação de si e do outro. As aulas da oficina acontecerão entre 14 e 17 horas.

Silvia Moura é bailarina, coreógrafa e atriz. Integrou o Grupo de Dança Dora Andrade e formou, no final dos anos 80, o Em Crise, grupo de atores e bailarinos. Foi aluna do Colégio de Dança do Ceará, e, em 2002, criou o CEM (Centro de Experimentações em Movimentos), com o objetivo de dar acesso à formação e pesquisa em dança contemporânea.


Serviço
Linhas e formas - Bordando com o corpo na vida, com Sílvia Moura
De 13 a 17/12, na Sala de Dança do SESC SENAC Iracema (Rua Boris, 90C)
De 14 às 17 horas

Inscrições
Para se inscrever, envie ficha de inscrição para nucleodeformacao@dragaodomar.org.br. Os selecionados recebem resposta por email. As inscrições podem ser realizadas até o primeiro dia do curso.


Confira a perfomance "A cadeirinha e eu", com Sílvia Moura

Costura de arte e repertórios

RUTH ARAGÃO ESTUDOU NO STUDIO BERÇOT, EM PARIS. FOTO: DIVULGAÇÃO

Mais do que talento para combinar peças e acessórios, a criação de imagens de moda e figurinos requer conhecimentos específicos e repertório adequado às amplas possibilidades desse tipo de trabalho. Com o objetivo de aperfeiçoar profissionais da área de moda, teatro, dança, cinema, vídeo e artes visuais nesse sentido, o Núcleo de Formação do Centro Dragão do Mar oferece o segundo módulo da Oficina Prático-experimental de Criação de Imagem, Moda, Styling e Figurino, sob a batuta de Ruth Aragão.

O módulo se iniciará em 13 de dezembro e vai até o dia 17, com aulas entre 18h30 e 21h30. As atividades acontecem na Capitania de Arte e Cultura (Rua Almirante Tamandaré, na Praia de Iracema). Os encontros dão continuidade ao primeiro módulo da oficina, ocorrido entre os dias 6 e 10 de dezembro.

Ao explorar experimentalmente os diversos campos da cultura e da arte, a oficina estimulará a criação de imagens de moda e de figurino, intensificando o repertório de referências para pesquisa e criação nessas áreas.

Referência no segmento de moda em Fortaleza, Ruth Aragão é estilista e figurinista, tendo trabalhado com televisão, teatro e dança contemporânea. Realizou trabalhos com o cineasta Karim Ainouz e a coreógrafa Andréa Bardawil, dentre outros. Com seu projeto "Combogó: por um vazar de corpos", foi "Estilista Revelação" em 2001 e participou da mostra Novíssima Geração da Fenit, em São Paulo. Na área de pesquisa, formação e ensino, destaca-se principalmente sua atuação em workshops de Criação de Moda e Imagem para projetos sociais, ONGs e para o Curso Técnico em Dança do Ceará. Foi aluna de Marie Rucki, do Studio Berçot de Paris, e estudou com a figurinista Bia Salgado. Atualmente, finaliza sua Pós-Graduação em Imagem e Criação de Moda pelo Senac - São Paulo e cursa a Especialização em Artes Visuais.


Serviço

Oficina Prático-experimental de Criação de Imagem, Moda, Styling e Figurino, com Ruth Aragão
De 13 a 17/12, na Capitania de Arte e Cultura – Rua Almirante Tamandaré, Praia de Iracema (antiga entrada lateral da Capitania dos Portos)
De 18h30 às 21h30.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Por uma arte de intervenção

INSTALAÇÃO DE HÉLIO OITICICA: INTERFACES PENSADAS PARA INSERÇÃO SOCIAL DA ARTE. FOTO: DIVULGAÇÃO

A conversa começou com uma certa previsibilidade: uma questão sobre rádio, um dos objetos de interesse do professor Mauro Sá Rego Costa. Mas logo deslizou para uma prazerosa reflexão sobre artes em hibridismo, dissolução de fronteiras e a possível inserção social do trabalho dos artistas. Muitas referências e um incontido otimismo alinhavam a fala do professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, nesta conversa realizada durante a passagem de Mauro por Fortaleza.

Na cidade, ele ministrou a oficina Beuys, Lygia Clark, Oiticica: mudando o lugar da arte, na qual mostrou como esses artistas propuseram deslocamentos fundamentais para a História da Arte. E também palestrou sobe Rádio, Arte e Loucura, junto com a professora do Instituto de Cultura e Arte da UFC, Deisimer Gorczevski.

Confira a seguir trechos do bate-papo.

No seu trabalho, percebe-se uma perspectiva de “oxigenar” as ideias que associamos ao rádio, à programação radiofônica. Como esse interesse surgiu para o senhor e que rumos ele tomou?

Eu sempre trabalhei com arte e mídia. Fui jornalista, fiz televisão, direção e produção de vídeo... A única coisa com a qual eu não tinha mexido era rádio. Então, pintou a ideia de montar a rádio comunitária na faculdade em Caxias (Região Metropolitana do Rio de Janeiro), na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Montamos uma rádio com a população local. Mas o meu interesse não era só a rádio comunitária. Era pensar a arte do rádio, como fiz em relação a vídeo e outras áreas. Da mesma maneira como estou dando esse curso sobre pensamento em arte contemporânea (a entrevista foi realizada durante a oficina Beuys, Lygia Clark, Oiticica: mudando o lugar da arte, em 7 de dezembro de 2010), o rádio me interessa como meio de criação. Na verdade o rádio, desde o início, antes do rádio comercial, foi uma coisa experimental para muitos artistas. Isso, até a década de 50. O Samuel Beckett, dramaturgo, ele fazia programas de rádio. O (crítico literário e ensaísta alemão) Walter Benjamin fez programas de rádio, na Alemanha dos anos 40. O (poeta, escritor e dramaturgo francês) Antonin Artaud também. Todos esses artistas trabalharam com rádio não como uma mera... como esse rádio que a gente conhece.

Há ainda o (diretor de cinema, ator e roteirista) Orson Welles.

Sim, Orson Welles. Ele pega o Guerra dos Mundos (obra de H.G Wells) e transforma, ou finge que é um programa jornalístico, relatando uma invasão extraterrestre. São usos do rádio com uma dimensão maior do que acontece ou do que ouvimos no rádio. Tenho um grupo de pesquisa do CNPq, que produz um blog, reunindo oito pesquisadores. É o radioforum.wordpress.com. Lá, nós temos o registro de todo tipo de prática de rádio: radiodrama, radioarte, radiodocumentário, e a teoria sobre essas formas de fazer rádio. São as coisas que interessam a esse grupo.

O senhor acha que a arte contemporânea tem o poder de reabilitar as dimensões sensoriais que estão para além do visual?
Acho que cada vez mais. A pesquisadora Lilian Zaremba, que participa do Rádio Fórum, foi casada com o Tunga (Antônio José de Barros de Carvalho e Melo Mourão), que é um dos maiores escultores brasileiros. Frequentemente ela vai junto com o Tunga, como foi para a documenta de Kassel. Ela faz todo um trabalho sonoro junto com a obra que o Tunga produz, não só a obra, a instalação. Tem muita gente legal trabalhando isso. O Joseph Beuys, esse cara que estou trabalhando aqui, não fez rádio, mas gravou discos de experiência sonora. Usou o suporte fonográfico e sonoro como um artista. Tem um coletivo que estou trabalhando no Rio, de artistas plásticos, chamado Jogos de Escuta. Dois deles fazem mestrado ou doutorado em Poéticas Interdisciplinares na Escola de Belas Artes. A Escola criou uma linha de pesquisa (para esse tipo de investigação). O Marcelo Wassen, por exemplo, faz um trabalho com ondas radiofônicas. Montou uma rádio dentro do Museu da Maré, na favela da Maré, no Rio. É um trabalho de artista, de intervenção sonora, e social. A Mariana Novaes, que também faz mestrado nessa linha, trabalha dentro de ocupações de sem-teto no Rio de Janeiro. Essas interfaces são o lugar que considero o mais importante para pensar arte, porque se for para pendurar quadro em galeria, desde Lygia Clark, Hélio Oiticica e Joseph Beuys “já era”. Tem uma história interessante com o Luiz Carlos Vergara, que foi diretor do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Ele trabalhou no Museu de Arte Moderna de Nova York, com intervenções em comunidades. Agora, ele dirige a recuperação de um prédio do (arquiteto Afonso) Reidy, construído em 1954. É um edifício “comunidade”, que tinha a ideia de ter todos os serviços dentro do prédio, como hoje ocorre nos condomínios, mas para a classe popular. O projeto de recuperação quer retomar a ideia inicial de fazer uma comunidade de moradores junto com as atividades. O Vergara colocou os artistas como os interlocutores dessa recuperação. É pensar o patrimônio de maneira integrada. A arte está dentro disso, não é adereço ou penduricalho. Dentro da vida das pessoas, como Mondrian, as vanguardas e o construtivismo já pensavam.

Nessas experiências que o senhor relata, fica muito clara uma preocupação com a cidade, com o urbano. Hoje, vem se tornando um clichê falar de arte/cidade, ou de corpo/cidade. Como a gente pode transgredir essa superfície pra ir ao encontro de uma arte realmente de intervenção?

É uma outra faixa. Por exemplo, projetos do Oiticica que não chegaram a ser realizados, de criar os “labirintos”, que não eram pra ser objeto de arte dentro do museu, e sim no Parque do Flamengo, no Rio. É uma obra de arte para entrar e se perder lá dentro, vibrar com as cores e o movimento. Além disso, você tem as intervenções, cada vez mais freqüentes. Agora mesmo, no (evento) Oi Futuro, você teve uma intervenção com um grupo de dança, e eles estavam lá, realizando uma performance. Ao mesmo tempo, câmeras gravavam e isso era transmitido no Oi Futuro, como se fosse uma exposição de arte ao vivo, pela internet. Acho que são maneiras de lidar com a arte que quebram com a bobagem da coisa simplificada do que “é”. Não é pra ser contra pintura, escultura, nada disso. Mas tem mais. Por que não experimentar?

Elogio à diferença

HELOÍSA APONTA PARA A CONVIVÊNCIA ENTRE TRADIÇÃO E INOVAÇÃO. FOTO: MARINA CAVALCANTE
 
A professora, escritora e editora Heloísa Buarque de Hollanda ousou levar para o âmbito acadêmico temáticas periféricas ou marginais. Isso antes de teorias como os estudos culturais se popularizarem nas universidades brasileiras. Esse ímpeto traduz a personalidade inquieta e sensível dessa paulista radicada no Rio de Janeiro.

Hoje, dois temas pautam o trabalho da professora titular de Teoria Crítica da Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro: a cultura de periferia e os impactos das mídias digitais na produção de cultura. Sobre esses assuntos, Heloísa tratou em dois eventos promovidos pelo Núcleo de Formação do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura: o seminário "Novas políticas estéticas", no último dia 3, e a oficina "Crítica Hoje", dia 4.

Este blog conversou com Heloísa sobre aspectos desses temas. Confira trechos.

Professora, a senhora diz que, a partir de um certo momento de sua vida, a senhora foi inoculada pelo vírus da novidade. Queria que a senhora contasse como isso ocorreu. Até que ponto isso teve a ver com o quadro político da época?

Eu entrei na Universidade (Federal do Rio) não para estudar, mas para trabalhar, em 1965. Era um período de ouro. Entre 1964 e 1968, apesar de já ter havido o golpe (militar), a universidade era um celeiro de ideias e acontecimentos. Era um lugar quentíssimo. Então, em 1968, teve o AI-5 (Ato Institucional nº 5, que limitou as garantias civis), era o começo da minha carreira. Não conseguia mais ficar trabalhando. Todos os professores receberam uma lista do que não (se) podia falar. E era muita coisa que não podia falar! Ficava quase que difícil abrir a boca. Fiquei achando que aquele silêncio não podia ser tão completo. E aí saí trabalhando no que faço até hoje, que é microtendência – que a gente pode chamar de novidade. Mas a microtendência vem até antes da novidade: ela aparece e se dá certo vira novidade, se não dá a gente esquece.

O interesse que a senhora demonstrou pela poesia marginal, ali pelos anos 1970, foi uma das primeiras áreas nas quais a senhora trabalhou nesse sentido, não é?

Foi a primeira coisa, nesse tipo de tendência. Eram os poetas que usavam mimeógrafo... A ditadura não queria saber de poesia. Ela estava muito atenta a jornal, a televisão, que são formadores de opinião, mas a coisa da poesia ninguém ouve, lê ou quer. É um território que não pagava o preço do censor, não tinha potencial nenhum. E o engraçado é que essa cena cresceu e ficou uma onda, um tsunami de poesia no Rio de Janeiro, que era onde eu estava, pelo menos. Havia muitas publicações em mimeógrafos, em pequenas gráficas. Livros feitos pelos próprios poetas. Depois eles eram vendidos de mão em mão. Depois isso foi crescendo. Eram jovens universitários, então era exatamente quem estava sendo tolhido pelo AI-5. Foi legal porque eles fizeram uma coisa que está acontecendo de novo com as culturas de periferia: sempre vincular a poesia à música. Naquela época era o rock. A poesia parava e tinha um show de rock. Era um show que pegava cada vez mais gente, até formar multidões. Porque tinha essa coisa do rock-poesia, do teatro alternativo... Asdrúbal Trouxe o Trombone (grupo teatral carioca), que era um teatro bem alternativo, carregou um monte de poetas juntos. Então era uma geração que fazia várias coisas, e a poesia era uma delas. A poesia se integrou a um sentimento emergente, digamos. É o único testemunho que se tem da geração AI-5. Se você for ler os poemas, são cheios de pistas. Tem uma paranóia que rola. Esse clima era de paranóia e de falta de informação.

Os protagonistas dessa microtendência que a senhora relata respondiam a um momento político do país. Os protagonistas das microtendências de hoje respondem a quê?

Eles respondem à globalização. Que eu acho que tem duas, pelo menos, e tenho estudado as duas. Uma é a periferia, as novas vozes da periferia. Nos anos 80, mudamos de uma sociedade de produção para uma sociedade de consumo. Aquilo começa a abrir espaço para a diferença, porque são nichos de mercado. Começa a ter atenção aos gays, às mulheres, como consumidores. Mas as periferias nunca tiveram voz. E não é que não tivessem cultura. Sempre tiveram muita cultura, o que não havia era visibilidade. E não tinham o apoio internacional que tem hoje. Hoje, a chave que une todos os jovens pobres, pretos, é o rap. E o rap é um gênero transnacional. Acusam o rap de ser cópia, de não ser local, mas vejo misturas como a do rap e do maracatu, em Recife, que são sensacionais. Existe essa coisa das alianças.

Uma das conseqüências sérias, em termos de relações sociais, que a cultura digital institui, é a capacidade que as pessoas ganham em responder a estímulos de maneiras que não aconteciam antes, nos mass media, por exemplo. Posso comentar um vídeo, entrar numa rede social e conversar com figuras de autoridade. Como a senhora avalia esse impacto em termos da própria atividade dos artistas? Isso muda alguma coisa nas sensibilidades?

Acho que está um pouco cedo (para avaliar o impacto), mas a gente precisa dividir. Há o nativo digital, ou pelo menos gente que pegou os anos 90 em formação. Os  nativos têm outro tipo de atenção, uma atenção de articulação. Você gerencia sua atenção, digamos assim. O que é diferente. Você faz várias coisas ao mesmo tempo, e não está disperso. A minha neta é um exemplo. Ela é uma excelente aluna. Faz dever jogando e vendo televisão, e tem nota 10. É um outro mecanismo de atenção, que a gente não sabe... Acho que é um pouco cedo para a gente saber onde isso vai parar, porque essa geração precisa ficar adulta, pelo menos. Eu fui para uma mesa redonda de escritores, em Curitiba, e eles tinham em média 60 anos. O que eles falavam mal... Isso é uma questão hormonal, não é cultural nem tecnológica! (ri) Eu não seguro essa onda! Não adianta eu dizer: “não é a mesma coisa que ler um livro...” Vai ser a mesma coisa para a minha neta. Ela vai escolher o suporte dela.

Como, num fazer docente, os educadores podem se colocar diante dessas questões?

Vai ter uma zona de conflito durante um tempo grande. Até os educadores saberem mexer no computador. Outro dia, eu li que o governo estava dando computadores para escolas e as educadoras estavam trancando para não quebrar. Não é para “não quebrar”, é porque elas não sabem usar e a garotada sabe. É uma situação muito constrangedora para o professor, ele fica sem autoridade. Tem que esperar o tempo do professor. Há mil projetos, para dar computador, mas esses professores não sabem qual é a experiência dessa geração mais jovem. 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Para entender o mercado de arte brasileiro


A GALERIA GRAVURA BRASILEIRA, EM SÃO PAULO: CASO DE SUCESSO. FOTO: DIVULGAÇÃO

As estratégias de inserção e expansão da arte no mercado. Essa é a pauta do Seminário “Experiências inovadoras no mercado de arte brasileiro”, que acontece entre os dias 7 e 10 de dezembro, no Sobrado Dr. José Lourenço (Rua Major Facundo, 154). A programação contará com a presença de Eduardo Besen, da Galeria Gravura Brasileira (SP), Mariana Pabst Martins, da Galeria Choque Cultural (SP) e Max Perlingeiro, da Pinakotheke Cultural (RJ/SP/CE). Sintonizados com a informação e a economia do mercado de arte, os três galeristas de reconhecida atuação na cena nacional abordarão questões de interesse para artistas, colecionadores, curadores, estudantes e amantes da arte. 

A programação se inicia nesta terça (7), às 9 horas, com a palestra de Eduardo Besen, um dos fundadores da Galeria Gravura Brasileira (SP). Ele fará um relato de experiência do trabalho na Galeria, que se tornou referência nacional na área de gravura. No dia 8, quarta-feira, Besen volta ao Sobrado para realizar leitura de portfólios, a partir de 9 horas. No mesmo dia, às 14 horas, o editor empresário Max Perlingeiro ministra a palestra "Arte e Educação - uma parceira de sucesso". Perlingeiro criou em 1980 e a primeira editora especializada em livros de arte brasileira, a Edições Pinakhoteke, que publica obras de cunho educacional.

Já na quinta e sexta-feira (9 e 10), a partir de 9 horas, a galerista Mariana Martins fala sobre a experiência da galeria Choque Cultural, em São Paulo. A Choque Cultural é uma galeria alternativa, cuja principal missão é aproximar o público jovem das artes plásticas, incentivando o colecionismo, produzindo conhecimento e promovendo intercâmbios. Desde a sua fundação, criou um importante network global, entre galerias, artistas e colecionadores. No sábado, às 9 horas, Mariana Martins fará leitura de portfólios, encerrando o evento.

O Seminário integra a programação de seminários críticos do Programa Arte e Território, desenvolvido pelo Núcleo de Formação do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O Programa busca discutir os processos de subjetivação nos dias de hoje e as relações que derivam deles.

Veja a programação completa:

07/12 

8h30 - Café da manhã.
9h às 17h30 - Eduardo Besen e a Galeria Gravura Brasileira (SP)

08/12

8h30 - Café da Manhã.
9h às 12h - Eduardo Besen - leitura de portifólios.
14h às 17h30 - Max Perlingeiro - “Arte e Educação – uma parceria de sucesso”.

09 e 10/12

8h30 - Café da Manha.
9h às 17h30 - Mariana Martins e a Galeria Choque Cultural

11/12

8h30 - Café da Manhã.
9h às 12h – Mariana Martins – Leitura de portifólios.

Serviço
Seminário “Experiências inovadoras no mercado de arte brasileiro”
De 7 a 10/12, no Sobrado Dr. José Lourenço (Rua Major Facundo, 154)
De 8h30 às 17h30

Inscrições
Para se inscrever, envie ficha de inscrição para nucleodeformacao@dragaodomar.org.br.