terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Música é organização do pensamento"

FOTO MARINA CAVALCANTE


Tarde sonora no seminário "Arte, Invenção e Experiências Formativas". O músico carioca Tato Taborda ministrou a palestra "Laboratório de audionutrição - a escuta como ferramenta cognitiva na música e fora dela".

Para Taborda, é interessante "pensar a escuta não como um dado periférico, mas central". "Isso é uma pequena revolução", pontuou Taborda, citando na sequência a palestra do filósofo Daniel Lins sobre a lógica e valores do mundo em que estamos inseridos.
Taborda explica que a escuta foi sendo colocada na periferia como ferramenta de alimentação do mundo. "As sociedades primam o visual como fonte primária de informação e a escuta vai ficando soterrada". 

O músico questionou o fato de, especialmente quando se fala de urbanidade, os sons serem sobras de outras ações, como subprodutos. Destacou que na história dos homens, a escuta teve um sentido primordial de sobrevivência, citando a escuta da noites, nas cavernas, como um reforço a capacidade de defender a si e a sua prole.

Recordou um trabalho feito junto com índios na Amazônia. "O mais impactante no primeiro contato, na primeira noite, foi perceber que entre os índios outros elos incríveis e preciosos,e um deles é o papel da escuta como elemento fundamental, como valor, como foco", destaca.

Segundo Taborda, no local, as falas importantes, e muitos dos discursos acontecem à noite. "As coisas importantes de serem ditas são ditas à noite, sem iluminação. As danças que são feitas pra ser vistas são feitas à noite. Não são pra ser recebidas pelos olhos, mas pelo ser como um todo", explica.

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