sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Não acredito em poetas prontos"

FOTO MARINA CAVALCANTE

O poeta mineiro Ricardo Aleixo começou a palestra reconhecendo o papel do Ceará e de seu charque para a "construção" de Minas Gerais. O discurso nem é comum. "Eu que quase nunca visto a 'capa da mineiridade' me sinto especialmente contente em estar no lugar que ajudou a criar o lugar em que nasci. O charque do Ceará serviu para alimentar o processo civilizatório de Minas Gerais".

Mas não era de carne e nem de processo civilizatório que o poeta queria falar. Ele queria falar de poesia. Da poesia que nem sempre está presente nas salas de aulas. "Quando foi que você leu um livro inteiro de poesia inteiro?", questionou em sua leitura. Ele estava falando de poemas por prazer e não por dever de ofício. "É esse poema que você leva pra sala de aula ou escolhe outro? Você lê poesia por prazer?".
É que Aleixo sabe que um poema lido e apreciado na tranquilidade do lar pode encher de3 tédio um aluno em sala de aula.

"Tenho uma decepção grande com o modo que a poesia vem sendo tratada no meio acadêmico. Em Minas só na pós para se ter um contato mais direto com a poesia contemporânea brasileira. Quando tenho contato com as turmas - a convite dos professores recém formados - vejo a carência deles". 

Aleixo não esqueceu os que resistem. "Mas existem os focos de resistência. Tem os que não querem saber o que vão ganhar ao manipular um poema e vão abarcando outras possibilidades".

Aleixo finalizou dizendo que não acredita em poetas prontos. Disse ainda estar em formação. "Formação não é algo dado. É processo".

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